tag:blogger.com,1999:blog-30412517689471648582024-03-05T04:31:07.964-03:00CardinalismoAlgumas redescrições sobre filosofia, comportamento humano e práticas culturaisRamon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.comBlogger11125tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-64205344532515953022014-07-07T17:04:00.001-03:002014-07-07T17:15:56.263-03:00Sobre cabelo bom e cabelo ruim<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; text-align: justify;">A mãe (negra) leva seu filho de 5 anos (negro) ao psicólogo se queixando que ele anda muito triste ultimamente, chorando bastante pelos cantos e com baixa autoestima.</span><br />
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">
<span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">O garotinho não chegou a conhecer o seu pai biológico e convive com um padrasto (branco) desde os 8 meses idade.</span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">
<span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Há pouco menos de um ano o casal teve uma filha. A garotinha nasceu branca.</span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">
<span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">A mãe se queixa que seu filho <span class="text_exposed_show" style="display: inline;">repete constantemente que "quer ser branco" e que é "um menino feio". Ela continua explicando: "O problema é que a minha filhinha nasceu branquinha, com cabelo bom, lisinho! Enquanto nós temos este cabelo ruim aqui (*pega em seu cabelo neste momento*), sabe?". Prossegue: "Eu sei que o preconceito está em todo lugar, sabe? Mas nunca fiquei sabendo de nada que alguém tenha falado com ele na escolinha ou algo do tipo! Não fiquei sabendo de nenhum insulto ou outras formas de preconceito.".</span></span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline;">
<span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Conta também que na tentativa de agradar seu filho já tentou até fazer um "relaxamento" no cabelo dele, mas não obteve muito sucesso.</span></span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">
<span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span></span></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;">De uma maneira delicada tento chamar a atenção da mãe para o preconceito existente em seu próprio discurso: para ela, seu cabelo é aquele naturalmente considerado "ruim", "feio", enquanto o do branco é "liso", "bom".</span></span></span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline;">
<span style="color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Ligeiramente constrangida ela para, reflete por um instante e lembra de alguns momentos onde seu marido - na presença do garotinho - acariciava sua filha dizendo coisas como: "Olha que cabelinho liso mais lindo!".</span></span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline;">
<span style="color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Recém-nascida, a garotinha branca se transformou no centro das atenções em casa e roubou bastante um espaço que antes era ocupado exclusivamente pelo garotinho negro. Além disso, pode-se presumir que os elogios ao cabelo e a beleza da garotinha se repetem em outros contextos, como encontros familiares.</span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f3f3f3; display: inline;"><span style="color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">
</span>
<span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"><span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Gradualmente o garotinho está aprendendo que, se você é branco e tem cabelo liso você é uma pessoa boa, bonita e que recebe mais atenção do outro. A mãe, por sua vez, começa a aprender que o preconceito não está necessariamente fora de casa apenas: está em seus próprios comportamentos.</span></span></span><br />
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">*originalmente publicado no Facebook - dia 30/08/2013</span></span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;">
</span></span>Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-87477511061066910632014-07-07T16:54:00.000-03:002014-07-07T17:16:22.727-03:00O psicólogo e a vidente<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; text-align: justify;">Um paciente veio me contar que começou a frequentar uma vidente. Preferia a vidente ao seu humilde psicólogo. Disse que, além dela "ser ótima", cobrava barato! Cerca de R$20,00 pela sessão. </span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">No exato momento em que o paciente me disse isto a vidente perdeu toda a credibilidade pra mim! Vidente que se preza não cobra R$20,00 por sessão. Aliás, vidente que se preza nem se presta a fazer este tipo de atendimento!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Há tantas maneiras de se ficar rico <span class="text_exposed_show" style="display: inline;">tendo o dom de prever o futuro, poxa.</span></span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;">
</span><span class="text_exposed_show" style="display: inline;"></span>
</span><br />
<div style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px; text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f3f3f3; display: inline; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Vidente que se preza fica em sua mansão, sossegada, após ter previsto os números da mega sena com sucesso. Se for uma vidente um pouquinho menos egoísta, empenhada no auxílio ao próximo, ela pode prever soluções concretas para alguns dos grandes males que assolam a humanidade (e ficar rica com isto de quebra, por que não?). Pode prever resultados de pesquisas científicas que estão em andamento neste exato momento (imaginem a economia de recursos!), auxiliar na resolução de intermináveis querelas diplomáticas entre países (paz mundial?).</span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline;">
</span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f3f3f3; display: inline; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">
<span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"></span></span>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Mas não! A vidente é pobre e cobra R$20,00 para prever detalhes dos próximos dias da vida afetiva alheia. </span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px;"><div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Grandes poderes não trazem grandes responsabilidades, necessariamente.</span><br />
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">*originalmente publicado no Facebook - dia 07/11/2013</span></div>
</span></span>Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-29265777483005094262014-07-07T16:39:00.002-03:002014-07-07T17:16:43.782-03:00Transporte público e pobreza no Brasil<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="color: #37404e; font-size: 14px; line-height: 20px; text-align: justify;">Quando surge um contexto para conversas sobre transporte público no consultório (alguém que justifica seu atraso por conta do trânsito, por exemplo) e de alguma forma eu deixo escapar que também venho ao trabalho de ônibus, logo escuto de volta o seguinte: "m</span><span class="text_exposed_show" style="color: #37404e; display: inline; font-size: 14px; line-height: 20px; text-align: justify;">as o doutor não vem de carro?".</span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">
<span class="text_exposed_show" style="color: #37404e; display: inline;"></span>
</span><br />
<div style="font-size: 14px; line-height: 20px; text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; display: inline; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Ao mesmo tempo em que revela uma sensação de estranheza do meu interlocutor, este tipo de comentário me gera uma estranheza semelhante pois hoje em dia é relativamente fácil ter um carro, não se tratando mais de um benefício restrito à "doutores" (termo horrível a propósito, que serve apenas para acentuar uma hierarquização desnecessária nas relações humanas). Entretanto, o estigma social continua. Ao usar o transporte público não estou fazendo jus à minha suposta condição de "doutor": devo ser um psicólogo iniciante, incapaz, que precisa subir e aprender muito na vida para adquirir um carro. As caras e bocas que eu vejo com frequência no consultório durante estas conversas me sugerem isto - o estranhamento alheio diz muito.</span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; display: inline; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="color: #37404e; display: inline;"><span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; display: inline; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">
<span style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><div style="text-align: justify;">
Trocando em miúdos: transporte público é coisa de pobre. Como "pobreza" é frequentemente algo associado a "vagabundagem, incapacidade intelectual, falta de vergonha na cara" dentre outros adjetivos pejorativos, logo, justifica-se um pouquinho a existência de dúvidas sobre meus valores e habilidades profissionais. Existe uma complexa rede simbólica que ligam estes pontos.</div>
</span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Comentário inspirado por esta reportagem: http://oglobo.globo.com/rio/o-que-famosos-que-usam-transporte-publico-acham-do-sistema-no-rio-11937509 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f3f3f3; color: #37404e; display: inline; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">*originalmente publicado no Facebook - dia 28/03/2014</span></div>
Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-75672687143933912002012-06-20T12:17:00.001-03:002014-07-07T17:09:47.728-03:00Preconceitos acadêmicos: um estudo de caso<b style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;">O preconceito acadêmico é um fenômeno comum e razoavelmente compreensível.</b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;"> Nós simplesmente não temos tempo e recursos suficientes para nos aprofundar no estudo de </span><i style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;">todas</i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;">
escolas filosóficas, psicológicas, sociológicas etc., e em decorrência
disso, as chances de que nós venhamos a desenvolver concepções
reduzidas/simplificadas de tudo aquilo que foge aos nossos interesses
mais imediatos são bastante elevadas. Soma-se à isso o fato de inúmeros fatores sócio-culturais (dentro e fora do âmbito acadêmico) se agregarem no sentido de favorecer o surgimento e a manutenção de uma espécie de "culto à autoridade", onde muito do que é dito por </span><i style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;">doutores</i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;">, </span><i style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;">professores</i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;"> e </span><i style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;">cientistas </i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; text-align: justify;">é tomado como verdade absoluta e instantânea.</span><br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Quando alguém afirma que não gosta da Psicanálise porque ela "interpreta todos
os fenômenos humanos apenas em termos de sexualidade" (ou em versão
taquigráfica: pra Psicanálise "tudo é sexo!"), evidencia a formação
daquilo que estou chamando de um preconceito acadêmico - no caso, uma
descrição excessivamente simplificada/reduzida da teoria psicanalítica. Será que esta pessoa -
nosso crítico fictício da Psicanálise - já se debruçou sobre as discussões a respeito da noção de "sexo" em Freud? Mais do que isso, será que ela tem o mínimo
de interesse e ou condições (tempo e recursos principalmente) de fazer
isto? Provavelmente ela construiu uma concepção simplificada da Psicanálise baseada única e exclusivamente naquilo que ouviu falar ou leu de maneira despretenciosa.</span><span style="font-size: x-small;">¹</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Por outro lado, há momentos em que esta redução/simplificação se torna um valioso recurso argumentativo, adotado de maneira <i>consciente</i>
por acadêmicos que desejam ressaltar a "profundidade" ou relevância de uma
determinada concepção em detrimento de outra - este procedimento se
enquadra bem naquilo que se convencionou chamar de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Fal%C3%A1cia_do_espantalho" target="_blank">falácia do espantalho</a>.</span>
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-left: 0px; margin-right: 0px; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLjAHhnWBFW6sOX3qUJ23PkG5deexmbqBPv9hFHr2TW7q50Q-P1Ek_v4fp3_bJEG6LV_pM5u5uF6RHNxn4ocgClDMSdpFfHbmmFQNkuyyKttFu2cXA8Q5Fl5-11b8yY9oXqzsfsNv7cuY/s1600/Steven_Pinker-300x300.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLjAHhnWBFW6sOX3qUJ23PkG5deexmbqBPv9hFHr2TW7q50Q-P1Ek_v4fp3_bJEG6LV_pM5u5uF6RHNxn4ocgClDMSdpFfHbmmFQNkuyyKttFu2cXA8Q5Fl5-11b8yY9oXqzsfsNv7cuY/s1600/Steven_Pinker-300x300.jpg" /></a></span></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Um exemplo da
argumentação falaciosa descrita acima pode ser encontrado nos momentos
em que o psicólogo evolucionista Steven Pinker se propõe a criticar o
behaviorismo de B.F. Skinner, simplificando ao máximo a concepção
skinneriana com o intuito tornar sua concepção (a Psicologia Evolucionista) ainda mais
relevante para o público. (Mais informações sobre este caso específico
podem ser encontradas <a href="http://pedro-sampaio.blogspot.com.br/2012/04/da-serie-charlatoes-intelectuais-parte.html" target="_blank">aqui</a>)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">A formação de preconceitos acadêmicos como os apresentados acima é recorrente no meio acadêmico e de maneira geral nenhuma
concepção-a-respeito-de-alguma-coisa está imune a este fenômeno.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b></b></span></div>
<a name='more'></a><br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Para nos aprofundarmos um pouco mais neste problema, gostaria de fazer uma breve digressão, contrapondo alguns trechos da obra de dois autores: <b>Auguste Comte</b> (1798-1857) e <b>Edgar Morin</b> (1921-). O primeiro é muitas vezes conhecido como o "pai da Sociologia" e fundador do <b>Positivismo</b> - o segundo, como idealizador da epistemologia da Complexidade, ou <b>pensamento complexo</b>. Devo ressaltar de antemão que foge completamente às minhas pretensões elaborar uma exposição e análise completa da obra destes autores. Irei apenas contrapôr alguns <i>trechos específicos</i> de <i>textos específicos</i> que me permitirão explicitar ainda mais algumas das consequências negativas do preconceito acadêmico. </span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Em determinado momento da produção de suas obras, <b>tanto Morin quanto Comte elaboraram críticas ao processo de "hiperespecialização"</b> (nos termos de Morin) <b>ou "especialização excessiva"</b> (nos termos de Comte) <b>do saber científico</b>. Em linhas gerais, trata-se de uma crítica à uma constatação feita por ambos, a saber, de que a ciência tem progredido através da excessiva compartimentalização de seus problemas - o que acaba por resultar em profissionais especializados, pouco capazes de dialogar com as demais disciplinas científicas. Ademais, a</span> multiplicação desenfreada das especialidades científicas aumenta as fronteiras interdisciplinares e reduz a probabilidade de que o conhecimento produzido por estas diversas disciplinas possam ser integrados em visões globais, coerentes e bem contextualizadas<span style="font-size: small;">. </span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Deixemos os próprios autores nos ajudarem no restante desta digressão. Meus comentários e grifos apenas ressaltarão os pontos de contato entre o pensamento de ambos.</span><br />
<br />
<span style="font-size: small;">Este processo de <i>especialização excessiva</i> das disciplinas científicas tem o seu lado positivo, como afirma Comte:</span></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-size: x-small;">"É a essa repartição de diversas espécies de pesquisas entre diferentes ordens de sábios que devemos, evidentemente, o desenvolvimento tão notável que tomou, enfim, em nossos dias, cada classe distinta dos conhecimentos humanos[...]"</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: x-small;">²</span></div>
</blockquote>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Entretanto, já na primeira metade do século XIX, Comte começa a vislumbrar alguns aspectos negativos deste processo:</span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">"Embora reconhecendo os prodigiosos resultados dessa divisão, vendo de agora em diante nela a verdadeira base fundamental da organização geral do mundo dos cientistas, <b>é impossível não se aperceber dos inconvenientes capitais que engendra em seu estado atual, em virtude da excessiva particularidade das idéias de que se ocupa exclusivamente cada inteligência individual.</b>" </span></span></span></blockquote>
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://revistacult.uol.com.br/home/wp-content/uploads/2011/01/Comte.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://revistacult.uol.com.br/home/wp-content/uploads/2011/01/Comte.jpg" height="199" width="320" /></a></td></tr>
<tr align="center" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><td class="tr-caption"><span style="font-size: x-small;">E ele continua: <i>"É urgente ocupar-se com isso de modo sério, pois tais inconvenientes que, por sua natureza, tendem a crescer sem parar, começam a vir a ser muito sensíveis. Todos o admitem, <b>as divisões, estabelecidas para a maior perfeição de nossos trabalhos, nos diversos ramos da filosofia natural, são por fim artificiais</b>."</i></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Em seguida, Comte chama a atenção para a importância de remediarmos <i>"este mal antes que se agrave"</i>, e afirma que: </span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">"[...]hoje cada uma dessas ciências tomou separadamente extensão suficiente para que <b>o exame de suas relações mútuas possa dar lugar a trabalhos contínuos, ao mesmo tempo que essa nova ordem de estudos torna-se indispensável para prevenir a dispersão das concepções humanas.</b>"</span></span></blockquote>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Comte expõe a sua solução da seguinte maneira:</span></span><br />
<blockquote class="tr_bq" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
<span style="font-size: x-small;">"O verdadeiro meio de cessar a influência deletéria que parece ameaçar o porvir intelectual, em conseqüência duma demasiada especialização das pesquisas individuais, não poderia ser, evidentemente, voltar a essa antiga confusão de trabalhos, que tenderia a fazer retroceder o espírito humano e que se tornou hoje, felizmente, impossível. <b>Consiste, ao contrário, no aperfeiçoamento da própria divisão de trabalho. Basta fazer do estudo das generalidades científicas outra grande especialidade.</b></span> </blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
<span style="font-size: x-small;"><b>Que uma classe nova de cientistas</b>, preparados por uma educação conveniente, sem se entregar à cultura especial de algum ramo particular da filosofia natural, <b>se ocupe unicamente, considerando as diversas ciências positivas em seu estado atual, em determinar exatamente o espírito de cada uma delas, em descobrir suas relações e seus encadeamentos</b>, em resumir, se for possível, todos os seus princípios próprios num número menor de princípios comuns, conformando-se sem cessar às máximas fundamentais do método positivo. Ao mesmo tempo, <b>outros cientistas, antes de entregar-se a suas especialidades respectivas, devem tornar-se aptos, de agora em diante, graças a uma educação abrangendo o conjunto dos conhecimentos positivos, a tirar proveito das luzes propagadas por esses cientistas votados ao estudo de generalidades e, reciprocamente, a retificar seus resultados, estado de coisas de que os cientistas atuais se aproximam cada vez mais.</b> [...] <b>Existindo uma classe distinta, incessantemente controlada por todas as outras, tendo por função própria e permanente ligar cada nova descoberta particular ao sistema geral, não cabe mais temer que demasiada atenção seja dada aos pormenores, impedindo de perceber o conjunto.</b>"</span></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Em suma, Comte propõe um trabalho de reflexão constante sobre o modo como as disciplinas científicas se relacionam umas às outras e as eventuais consequências destes entrelaçamentos. Além disso, propõe também um processo educacional que conscientize os futuros cientistas da existência de tais relações e do modo como elas ocorrem.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Ao contrário de Comte (autor pouco reconhecido por propostas como a apresentada acima), Morin é um autor contemporâneo que obteve grande reconhecimento no final do século XX por elaborar uma proposta que, <i>pelo menos em alguns aspectos</i>, se assemelha à de Comte: a noção de <b>pensamento complexo</b>.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Morin, assim como Comte</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> mais de um século antes, <b>também</b> elabora sua reflexão sobre o problema da hiperespecialização do conhecimento científico </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(apesar de em alguns momentos apontar o "positivismo" como uma corrente <i>totalmente</i> contrária à sua epistemologia da complexidade)</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">, e afirma que a ciência atual tem necessidade</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
<span style="font-size: x-small;">"[...] não apenas de um pensamento apto a considerar a complexidade do real, <b>mas desse mesmo pensamento para considerar sua própria complexidade e a complexidade das questões que ela levanta para a humanidade.</b> É dessa complexidade que se afastam os cientistas não apenas burocratizados, mas formados segundo os <b>modelos clássicos do pensamento</b>. Fechados em e por sua disciplina, eles se trancafiam em seu saber parcial, sem duvidar de que só o podem justificar pela idéia geral a mais abstrata, aquela de que é preciso desconfiar das idéias gerais!"</span><span style="font-size: x-small;">³</span></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">No momento em que condena os chamados "modelos clássicos de pensamento", ele frequentemente se refere ao <i>pensamento moderno</i> (em contraposição ao <i>pós-moderno</i>), que tem o Positivismo como um de seus expoentes.</span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />De todo modo, Morin sugere que passemos a fazer "ciência com consciência" - uma ciência capaz de pensar o seu próprio processo de desenvolvimento das fronteiras interdisciplinares e que esteja apta a construir "pontes" que conectem uma disciplina a outra, promovendo um quadro que ele chama de <b>transdisciplinaridade</b>. Em suas palavras:</span></span></span></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">"De toda parte surge a necessidade de um princípio de explicação mais rico do que o princípio de simplificação (separação/ redução), que podemos denominar <b>princípio de complexidade.</b> <b>É certo que ele se baseia na necessidade de distinguir e de analisar, como o precedente, mas, além disso, procura estabelecer a comunicação entre aquilo que é distinguido: o objeto e o ambiente, a coisa observada e o seu observador. Esforça-se não por sacrificar o todo à parte, a parte ao todo, mas por conceber a difícil problemática da organização[...]</b>"</span> </span></span></span></div>
</blockquote>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
<span style="font-size: small;">Afirma por fim:</span></div>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">"Precisamos, portanto, para promover uma nova transdisciplinaridade, de um paradigma que, decerto, permite <b>distinguir, separar, opor, e, portanto, dividir relativamente esses domínios científicos, mas que possa fazê-los se comunicarem sem operar a redução</b>. O paradigma que denomino simplificação (redução/separação) é insuficiente e mutilante. <b>É preciso um paradigma de complexidade, que, ao mesmo tempo, separe e associe, que conceba os níveis de emergência da realidade sem os reduzir às unidades elementares e às leis gerais.</b>" </span></span></blockquote>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;">
<tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2escok_dFktSzYtxgdbbq0DGdHAdl7N57UjbN34c4-CDtWvrUbHYXkkPauFNmRXAWMfmPkQiBXl1Gfk9QQqCmXUZmN06LxIXViMHp841kz33tCxrjBUhJHdV4obdfAwGNEzSOzcWT9yo/s1600/edgard_morin.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2escok_dFktSzYtxgdbbq0DGdHAdl7N57UjbN34c4-CDtWvrUbHYXkkPauFNmRXAWMfmPkQiBXl1Gfk9QQqCmXUZmN06LxIXViMHp841kz33tCxrjBUhJHdV4obdfAwGNEzSOzcWT9yo/s320/edgard_morin.jpg" height="200" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Em mais de uma oportunidade Morin citou um pensamento do filósofo Blaise Pascal para ilustrar o pensamento complexo: <i>"é impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, como é impossível conhecer o todo sem conhecer particularmente as partes".</i> Pelo que pudemos observar, a proposta de Comte envolve um processo semelhante - se não idêntico.</span></span></td></tr>
</tbody>
</table>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Morin dá o nome de pensamento complexo à sua proposta justamente por definir "complexus" como "aquilo que é 'tecido' junto'", justificando assim a necessidade de uma abordagem transdisciplinar, que dê conta de lidar com o mundo de forma integrada e não mutilada - da mesma forma que Comte já considerava as fronteiras entre disciplinas científicas como criações humanas; artificiais.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Não obstante, assim como também pudemos ler nas citações anteriores de Comte, Morin salienta a importância de se reformular o processo educacional nos moldes de seu pensamento complexo - chegando ao ponto de explicitar esta proposta em um livro chamado <i>"Os sete saberes necessários à educação"</i>.</span></span><br />
<br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
<span style="font-size: small;">O problema da hiperespecialização do conhecimento científico e da necessidade de promoção da transdisciplinaridade é extremamente interessante, e, sem dúvidas, continuará fazendo parte de diversas discussões filosóficas contemporâneas. O fato de podermos identificar um autor da primeira metade do século XIX e, muitos anos depois, outro da segunda metade do século XX discorrendo sobre esta questão evidencia a pertinência histórica do tema. Entretanto, minha digressão se encerra aqui. Por ora, o objetivo desta postagem é utilizar deste diálogo Comte-Morin <i>como um meio, e não como fim</i>.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
<br /></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
<span style="font-size: small;">O que importa no momento é a constatação de que, na medida em que deixamos os próprios autores dialogarem, através da sucessão de (por vezes longas) citações, podemos identificar o quão semelhante é <i>a descrição do problema e a solução por eles proposta</i>. Apesar de utilizarem vocabulários distintos, a existência de convergências no pensamento dos dois autores é notável.</span><br />
<br /></div>
</div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">O motivo de ter optado por contrapôr trechos da obra de Comte com a de Morin é justamente pelo fato do primeiro ser um dos maiores alvos de preconceitos acadêmicos, enquanto o segundo goza de um prestígio proporcionalmente inverso. Concordo com </span><span style="font-size: small;">Gustavo Biscaia de Lacerda - estudioso da obra de Comte e do Positivismo - quando este afirma que é "consensual no
âmbito das ciências sociais que a palavra 'Positivismo' tem um
significado negativo" e que este costuma ser o "grande arquiinimigo de
várias das principais correntes teóricas nas ciências sociais". No meio acadêmico atual (e isso aparece inclusive na obra de Morin) o Positivismo é tomado como representante máximo da simplificação, do reducionismo e da ingenuidade filosófica.</span><br />
<br />
<span style="font-size: small;">O "como"
e o "por que" do termo "Positivismo" ter adquirido uma conotação
pejorativa é assunto muito longo e foge também aos objetivos deste post -
podendo ser melhor compreendido à luz <a href="http://pt.scribd.com/doc/90443211/Augusto-Comte-e-o-Positivismo-Redescobertos-Gustavo-Biscaia-de-Lacerda" target="_blank">deste artigo de Lacerda</a>.
O cerne da questão, entretanto, é a constatação de que o <b>preconceito acadêmico
em relação às idéias de Comte</b> (por este ser considerado o "positivista
paradigmático") <b>é frequente, e faz com que muitos deixem de entrar em
contato direto com a obra deste autor. </b></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;">Impedindo que muitos </span><span style="font-size: small;">estudantes ou profissionais
entrem em contato com a grande e diversa obra de Comte, <b>o preconceito acadêmico faz com que certos pensamentos e idéias que podem se mostrar
extremamente relevantes e atuais</b> </span><span style="font-size: small;">- como este breve diálogo entre Comte e Morin nos
mostra -</span><span style="font-size: small;"> <b>passem completamente despercebidos</b><i><b>.</b></i> Por mais que os problemas da hiperespecialização das disciplinas científicas estejam muito mais evidentes hoje do que nos tempos de Comte, sua proposta de solução à esta questão deve ser julgada <i>após</i> uma leitura e análise mais detalhada, e não aprioristicamente, justificada pura e simplesmente por se tratar de um autor "ultrapassado" e vinculado a uma corrente filosófica já "superada".</span><br />
<br />
<span style="font-size: small;">O exemplo desenvolvido neste texto é <i>apenas um</i> dos inúmeros possíveis, e pode nos servir também para lembrar das consequências negativas envolvidas na prática do tal "culto à autoridade", mencionado no início desta postagem.</span><br />
<br />
<span style="font-size: small;">Por fim, se não temos tempo e recursos suficientes para entrar em contato direto com a obra de os todos autores, que pelo menos <i>tenhamos consciência</i> deste fato e sejamos <i>mais humildes</i> em relação às concepções que formamos sobre os diversos aspectos que compõe este universo que é o conhecimento humano.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">¹ Em encontro recente do nosso grupo "Círculo da Savassi", Vinícius Garcia me chamou a atenção para a existência de preconceitos semelhantes relacionados ao Liberalismo, apontando como é recorrente a interpretação (por demais simplista e apressada) de que o liberalismo - com sua defesa da liberdade individual - se vincula necessariamente à uma defesa do livre-arbítrio.<a href="http://search.4shared.com/postDownload/iYxCaxVS/COMTE_Curso_de_filosofia_posit.html"></a></span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: x-small;">²</span><span style="font-size: x-small;"> </span><span style="font-size: x-small;">Todas as citações de Auguste Comte foram retiradas do livro <i>Curso de Filosofia Positiva. </i>Originalmente de 1848 - p.52/55. Versão digitalizada disponível em: <a href="http://search.4shared.com/postDownload/iYxCaxVS/COMTE_Curso_de_filosofia_posit.html">http://search.4shared.com/postDownload/iYxCaxVS/COMTE_Curso_de_filosofia_posit.html</a></span><span style="font-size: x-small;"> </span><br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">³ </span><span style="font-size: x-small;">Todas as citações de Edgar Morin foram retiradas do livro <i>Ciência com Consciência</i> 8ª edição, 2001 - p.9/10, 138 e 215.</span></div>
</div>
</div>
Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-51223507809796579512010-10-04T22:48:00.008-03:002012-05-13T15:12:22.370-03:00As origens do comportamento<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Escrevo esse post inspirado por um comentário realizado pelo meu amigo <b>Daniel Gontijo</b> (<a href="http://danielgontijo.blogspot.com/" style="background-color: white; color: #073763;">http://danielgontijo.blogspot.com/</a>) e também com o intuito de complementar minha postagem anterior (<a href="http://cardinalismo.blogspot.com/2010/08/explicacoes-historicas-proximas-e.html" style="color: #073763;">http://cardinalismo.blogspot.com/2010/08/explicacoes-historicas-proximas-e.html</a>).</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">------------------------------------- </span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Seremos capazes de melhor explicar o comportamento humano a medida em que avançam os estudos da <i>Fisiologia</i> (incluindo aí as ciências do cérebro), das ciências relacionadas a <i>Etologia</i> e da <i>Análise do Comportamento</i> (incluindo também a análise de práticas culturais).</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">No que diz respeito as ciências do cérebro, o desenvolvimento de novas tecnologias tem nos levado a avanços nunca antes imaginados, e a antiga definição filosófica do conceito de "mente" vem perdendo espaço para uma definição mais moderna: <i>a mente é “o que o cérebro faz”</i>.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-size: small;"> </span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Os fenômenos neurofisiológicos relacionados a eventos privados (subjetivos) como memória, crenças, sensações de tristeza, dor, alegria, etc. estão pouco a pouco sendo melhores compreendidos.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Do ponto de vista da Análise do Comportamento porém, é necessário fazer uma importante ressalva: todo esse conhecimento acumulado a respeito do funcionamento do cérebro, por si só, não nos fornece uma explicação adequada sobre as origens do comportamento. O que "o cérebro faz" não é um início. </span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Para melhor exemplificar o argumento:</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">João pega um ônibus todos os dias para comprar pão. Poderia-se explicar esse comportamento dizendo que João pega o ônibus todos os dias pois possui a crença de que a padaria estará lá, com pães recém saídos do forno. Podemos ser ainda mais econômico na explicação, e dizer que João pega o ônibus simplesmente porque tem vontade.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Atualmente, é possível até mesmo identificar quais são os padrões do funcionamento cerebral quando essa "crença é colocada em prática", ou seja, quando João sai de casa, se dirige ao ponto de ônibus, adentra o veículo, etc.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"> </span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Por mais impressionantes que seja essa tecnologia, os "estados neurofisiológicos imediatamente determinantes do comportamento" identificados pela neurociência tem pouco poder explicativo quando a questão em jogo é a origem do comportamento, pois a própria origem do padrão neurofisiológico presente naquele momento precisa também ser explicada, e ela é necessariamente histórica. </span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">O mesmo se dá com explicações que utilizam-se dos conceitos de crença e vontade. A origem do comportamento não será adequadamente explicada até que a própria "crença" ou "vontade" tenha sido explicada. Um modelo explicativo histórico se faz necessário para compreender os determinantes do comportamento (<a href="http://cardinalismo.blogspot.com/2010/08/explicacoes-historicas-proximas-e.html" style="color: #073763;">vide post anterior</a>).</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Volto portanto a reafirmar a importância dos estudos das ciências do cérebro para a compreensão do fenômeno comportamental como um todo, desde que se tenha a consciência de que o as origens do comportamento não serão encontradas no próprio cérebro. Estudar o cérebro é fazer um recorte explicativo, e sem o auxílio de uma ciência histórica do comportamento caíremos no mais profundo reducionismo.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Da mesma forma que o modelo de <b>seleção por consequencia</b>s explica a origem das espécies (e a palavra chave no livro de Darwin era "origem"), ele se propõe a explicar as origens dos comportamentos. Explicar a <i>origem</i> do comportamento a partir de "crenças" ou "padrões neurofisiológicos" é o mesmo que recorrer a um Deus criador enquanto iniciador ou designer das espécies: teremos sempre que explicar Deus (e seus motivos) antes de mais nada!</span></div>Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-57700841350046871582010-08-12T22:53:00.007-03:002012-05-13T15:12:47.963-03:00Explicações históricas, próximas e últimas<style>
<!--
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</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Ao falar sobre o <i>Selecionismo</i></span><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">¹</span><span lang="PT-BR" style="font-size: small;"> de maneira geral (tanto no nível filogenético quanto no ontogenético), um aspecto mais específico desse modelo explicativo poderia e deveria ter sido mais bem explorado: trata-se do caráter essencialmente <i>histórico</i> desse tipo de explicação. Além disso, trataremos brevemente sobre a distinção entre explicações <i>imediatas</i> (ou <i>próximas</i>) e explicações <i>últimas</i>.</span><br />
<span style="font-size: small;"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-size: small;">O comportamento atual de um indivíduo pode ser igualmente explicado por um processo histórico de seleção, análogo ao processo seletivo que ocorre na evolução das espécies. Conforme já apresentado no post anterior, da mesma forma que mutações gênicas são selecionadas ou não de acordo com os efeitos que produzem no ambiente, uma variação comportamental é selecionada pelas conseqüências que ela produz</span><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">².</span><br />
<a name='more'></a><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Sabemos que tanto a aprendizagem individual (seleção por conseqüências do comportamento) como o processo de seleção natural, resulta em organismos modificados. No primeiro caso, temos modificações fisiológicas no organismo do indivíduo, e no segundo, temos modificações no conjunto gênico de uma espécie. Se quisermos explicar, por exemplo, o porquê de a girafa ter pescoço grande e ter manchas pretas pelo corpo, podemos nos referir a um determinado conjunto de genes que possibilitam o desenvolvimento dessas características corporais. Uma explicação desse tipo é o que chamamos de <i>explicação imediata</i>. Em um primeiro momento, ela resolve nosso questionamento sobre o pescoço da girafa, mas se quisermos saber o motivo da girafa possuir aquele conjunto específico de genes, teremos que recorrer a outro tipo de explicação: a <i>explicação última</i>. Nesse caso, a explicação iria se referir à afiliação daquele individuo a uma população, e iríamos sempre pensar em uma população de girafas ancestrais; não somente na nossa girafa (no individuo) atual em questão. Explicações últimas são exemplo de um modelo explicativo essencialmente histórico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><a href="http://galeria.blogs.sapo.pt/arquivo/Girafa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://galeria.blogs.sapo.pt/arquivo/Girafa.jpg" width="216" /></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: small;">No caso do processo histórico de seleção do comportamento, as mudanças fisiológicas resultantes poderiam eventualmente servir como explicações imediatas. Usando um exemplo adaptado do autor Baum (1999): se atualmente nosso conhecimento da fisiologia do sistema nervoso nos permitisse identificar exatamente o porquê de Fulano ter saído de casa às 10h da manhã para comprar pão, nós teríamos uma explicação imediata deste momento particular de um comportamento, assim com a Embriologia e a Genética Molecular nos fornecem informações contundentes sobre o porquê da girafa desenvolver o pescoço que ela tem. Mas da mesma forma que um conhecimento desse tipo não explica a origem dos comportamentos de Fulano de sair para comprar pão nesse mesmo horário todos os dias, nossos conhecimentos em Embriologia e Genética não nos fornecem respostas sobre o porquê das girafas (enquanto população/espécie) possuírem os genes que propiciam o crescimento daquele tipo de pescoço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: small;">A origem do comportamento de comprar pão do Fulano está no passado, onde seus pais o ensinaram em qual padaria comprar, onde ele descobriu que às 10h saia um pão novo e quentinho, etc. As conseqüências de determinadas variações comportamentais anteriores deram origem ao comportamento ainda mais complexo, a ponto dele virar um hábito diário.</span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-size: small;"><o:p></o:p><br />
Em um nível ainda mais remoto, a origem do comportamento está também na própria seleção natural, que forneceu os organismos com mecanismos específicos de aprendizagem e sensibilidade as conseqüências. Um maior entendimento sobre como se dá a interação entre história filogenética e história ontogenética (individual) é fundamental para uma maior compreensão das origens do comportamento nos seres vivos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Como herança de um pensamento mecanicista, muitas pessoas (incluindo ai alguns filósofos e cientistas) preferem pensar os fenômenos em termos de explicações imediatas, pois essas nos fornecem uma explicação mais linear de causa-efeito (ex: uma bola de bilhar batendo na outra). Na falta de explicações fisiológicas completas para nos servir de explicação imediata, não precisamos postular a existência de um “Eu autônomo”, ou de uma “vontade” do Fulano de ir comprar pão todas as manhãs. A explicação histórica (e última) se mostra mais eficaz, abrangente e parcimoniosa na explicação do comportamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">¹ Sobre <i>Selecionismo </i>ver post anterior: <a href="http://cardinalismo.blogspot.com/2010/04/selecionismo.html">http://cardinalismo.blogspot.com/2010/04/selecionismo.html</a><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;">² Para conhecer um pouco mais sobre os mecanismos de aprendizagem e seleção do comportamento, conferir este link da Wikipedia (nível básico, mas confiável !): </span><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Refor%C3%A7o">http://pt.wikipedia.org/wiki/Refor%C3%A7o</a><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><b>Leitura recomendada:</b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Compreender o Behaviorismo - William M. Baum, 1999</span><o:p></o:p></span></div>Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-55338260786287305472010-04-13T18:22:00.006-03:002012-05-13T15:12:57.207-03:00Selecionismo<div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">A estratégia básica da Biologia evolucionária é a investigação do contínuo de variação (aparecimento) e seleção (manutenção ou desaparecimento) do seu objeto de estudo (DAWKINS, 2009), que nesse caso, são mutações gênicas que se expressam de diferentes formas nos organismos, e que produzem os mais diversos efeitos em seu ambiente. Tais mutações ocorrem freqüentemente durante o processo de replicação do DNA.</span></div>
<a name='more'></a><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Em outras palavras, o ambiente seleciona determinadas características de um organismo que mais favorecem a sobrevivência e sua conseqüente capacidade de reprodução, possibilitando a passagem desses genes para uma nova geração.</span><span style="font-size: x-small;"><br />
</span><span style="font-size: x-small;"><br />
É importante então ressaltar que o processo de variação é possibilitado pelo aparecimento de cópias imperfeitas do DNA, e que seleção, é um termo específico que expressa os efeitos (positivos ou negativos) de tais mutações no processo de interação organismo-ambiente, ou seja, as conseqüências dessas mudanças para o indivíduo. Trata-se de princípios relativamente simples, mas que são suficientes para explicar toda a complexidade dos seres vivos, pois esse processo evolutivo ocorre em uma escala de tempo de milhões de anos.<br />
<br />
<b>- Seleção por conseqüências e sua relação com a seleção natural</b><br />
<br />
Quando passamos a analisar o comportamento sob o viés da Análise do Comportamento, nos deparamos com fenômenos análogos aos explicados acima. O estudo do comportamento operante também nos mostra que, variação e seleção constituem a mola básica para se compreender a complexidade dos seres ao nível comportamental (HUNZIKER, 2001).<br />
<br />
Sobre essa relação do comportamento operante com a seleção natural Cavalcante (1999) afirma:</span></div>
<blockquote style="font-family: Verdana,sans-serif;">
<span style="font-size: x-small;"><i>"No operante, diferentemente do respondente ou reflexo, que é eliciado por uma alteração ambiental antecedente, eventos conseqüentes ao comportamento alteram sua probabilidade de ocorrência futura. Isto é, a partir de uma variação comportamental (decorrente de fatores como a variedade de padrões comportamentais filogeneticamente selecionados e o processo de imitação) o organismo produz mudanças ambientais que retroagem sobre ele e o alteram em termos de probabilidade de resposta futura." (CAVALCANTE, 1999)</i></span></blockquote>
<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i> </i><br />
Portanto, da mesma forma que mutações gênicas são selecionadas ou não de acordo com os efeitos que produzem no ambiente, uma variação comportamental é selecionada pelas conseqüências que ela produz.<br />
<br />
Assim como a Biologia evolucionária avança em seus estudos sem recorrer a um “Designer” ou “Criador”, a aplicação desse pensamento selecionista na explicação do comportamento humano não pressupõe um “Eu iniciador” ou “Mente criadora”. O modelo explicativo de seleção por conseqüências busca, portanto, o estabelecimento de leis gerais que dêem conta de explicar a grande diversidade comportamental dos indivíduos considerando um passado que promoveu mudanças que interferem no seu repertório comportamental (HUNZIKER, 2001). É importante notar também que, como ressaltou Skinner (1981), o condicionamento operante é seleção em progresso, diferentemente do processo de evolução das espécies que ocorre num período de muitas gerações. O comportamento complexo de um ser humano é fruto de uma longa história de seleção (reforçamento), tanto ao nível ontogenético quanto no nível filogenético.</span></div>
<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br />
Referências Bibliográficas :<br />
<br />
CAVALCANTE, S. N. (1999). Abordagem biocomportamental: síntese da análise do comportamento? Psicol. Reflex. Crit. vol.10 n.2 Porto Alegre 1997<br />
DAWKINS, Richard. O maior espetáculo da Terra: as evidências da evolução. – São Paulo: Companhia das Letras, 2009<br />
HUNZIKER, M.H.L. O estudo do desamparo aprendido como estratégia de uma ciência histórica. Sobre o comportamento e cognição, 7, 2001</span></div>Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-17480209592235534142009-11-04T21:20:00.012-02:002012-05-13T15:13:26.961-03:00Determinismo e Ciência<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Frente aos fenômenos do mundo à serem compreendidos, a ciência deve trabalhar dentro de uma espécie de 'paradigma do determinismo'. <br />
Na busca pelas relações que determinam os fenômenos, não há vez para o mero acaso.</span></div>
<a name='more'></a><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: x-small;">Não podemos afirmar categoricamente ou provar empiricamente o determinismo total e completo, mas para a ciência evoluir, é necessário adotar essa postura filosófica.</span><span style="font-size: x-small;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: x-small;"> Entretanto, ao fazer previsões e enunciados em geral, devemos sempre trabalhar com probabilidades. </span><span style="font-size: x-small;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: x-small;"> A própria condição do organismo humano, com todas suas limitações de percepção do micro e do macro, não permite que tenhamos acesso a todas variáveis que controlam e determinam o fenômeno a ser estudado. Outra limitação que não está diretamente relacionada com nossa percepção, é o fato de que não temos acesso ao início da história do fenômeno em questão ( se é que podemos falar em um início propriamente dito ).</span><span style="font-size: x-small;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: x-small;"> Dentro da Psicologia mais especificamente, não temos acesso direto a toda história de vida do indivíduo por exemplo. Isso vale tanto para história pessoal, quanto para a história genética, e isso nos força a trabalhar sempre dentro de probabilidades.</span><span style="font-size: x-small;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: x-small;"> Conseguimos identificar muitas variáveis controladoras, mas com certeza, algo fugirá ao alcance de nossa análise. Mas dentro de uma postura científica, esse 'buraco' ( gap ) no nosso conhecimento não pode ser tapado com noções que barram e limitam a aquisição de novos conhecimentos.</span><span style="font-size: x-small;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: x-small;"> </span><span style="font-size: x-small;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: x-small;"> A complexidade das relações a serem identificadas não devem ser entendidas como limitantes, mas sim como motivadoras e incentivadoras de uma contínua busca de compreensão do mundo.</span><span style="font-size: x-small;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: x-small;"> Se deixamos espaço para o acaso, a própria atividade científica perde o sentido.</span><br />
<span style="font-size: 78%;"><span style="font-size: small;"> </span> <br />
</span>Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-51498418686843119782009-08-14T16:30:00.023-03:002012-05-13T15:13:38.254-03:00Tenho todas as doenças, menos Hipocondria !<span style="font-size: small;"><span style="font-family: verdana;">A grande cobertura da mídia nacional sobre a pandemia da Gripe Suína tem colocado em evidência um grupo específico de pessoas : <span style="font-style: italic;">os hipocondríacos</span>.</span><span style="font-family: verdana;"> </span><span style="font-family: verdana;">Apesar de já se tratar de um termo comum no dia-a-dia, vale esclarecer melhor o que vem a ser a <span style="font-weight: bold;">hipocondria</span> :</span><br />
<br />
<span style="font-family: verdana; font-style: italic;">" Hipocondria é o medo persistente de se ter uma doença séria. Uma pessoa com este distúrbio tende a interpretar sensações normais, funções corporais e sintomas leves como um sinal de uma doença grave. Por exemplo, uma pessoa pode temer que os sons normais da digestão, o fato de suar ou o aparecimento de uma marca na pele possam ser sinais de uma doença grave. " ( <a href="http://www.policlin.com.br/drpoli/148/">http://www.policlin.com.br/drpoli/148/</a> )</span><br />
<br />
<span style="font-family: verdana;">Trata-se de um distúrbio do qual ainda não sabemos as causas exatas, porém, tomando como base princípios da Análise do Comportamento ( como a multi-determinação do comportamento ) e o exemplo recente proporcionado pela pandemia de Gripe Suína, irei tomar a liberdade de especular e opinar sobre o assunto.<br />
<br />
O hipocondríaco parece seguir o que chamamos de <span style="font-style: italic;">regra </span>( uma descrição verbal de uma contingência específica ). Essa <span style="font-style: italic;">regra </span>parece dizer : " Ao menor sinal de dor, ou qualquer outra alteração fisiológica percebida, preocupe-se ! ". Em outras palavras, o sujeito preocupa-se constantemente com sensações "anormais" no corpo e teme o surgimento de uma doença mais séria ou - em alguns casos - a morte. Por hora, chamemos essa regra de <span style="font-style: italic;">regra hipocondríaca</span>.<br />
É importante notar que nesse sentido, a grande maioria das pessoas tem algum grau de hipocondria. O problema é quando isso se torna uma preocupação constante, e chega a prejudicar o convívio social e outras atividades cotidianas.<br />
<br />
<span style="font-style: italic;">" " Todo mundo tem um certo grau de hipocondria, mas no máximo 7% daqueles que buscam o atendimento sem precisar podem ser classificados como hipocondríacos ", cita estudos norte-americanos o psiquiatra Sérgio de Barros Cabral. ( Notícia do site UOL : <a href="http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/08/02/ult7403u271.jhtm">http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/08/02/ult7403u271.jhtm</a> ) "<br />
<br />
</span>Segundo o DSM-IV, para o sujeito ser considerado um hipocondríaco ele deve apresentar essa preocupação excessiva por um período de pelo menos 6 meses, apesar de exames médicos e neurológicos não apontarem nenhuma doença ou disfunção no organismo da pessoa.<br />
A pergunta é : O que leva uma pessoa a seguir o tipo de regra citada acima ? O que justifica todo esse medo ?<br />
<br />
A literatura psiquiatrica nos dá indícios de que o sujeito hipocondríaco, no decorrer de toda sua vida, se expôs em algum momento à situações que propiciam a formulação da tal <span style="font-style: italic;">regra hipocondríaca. </span>Por exemplo, uma pessoa que durante sua juventude começou a sentir alguns pequenos sintomas, e de fato, manifestou alguma doença logo em seguida. Doença esta com um certo grau de seriedade e que marcou profundamente sua história de vida, seja pelas fortes dores ou por outros tipos de problemas.<br />
Um outro exemplo comum é a morte de algum parente próximo, principalmente quando o sujeito acompanha de perto o desenrolar da doença.<br />
Entretanto, a formulação da <span style="font-style: italic;">regra hipocondríaca </span>pode ocorrer mesmo sem a exposição direta do sujeito a contingência, através de descrições de terceiros. Esses terceiros podem ser amigos, parentes, um grupo social ou até mesmo a mídia ( como é o caso do estado de hipocondria transitória causada pela nova Gripe Suína - vide reportagem do UOL com link citado acima ).<br />
<span style="font-style: italic;"></span></span><br />
<span style="font-family: verdana;">Evidente que a maioria das pessoas não se torna hipocondríaca com o acontecimento de apenas um desses fatos, mas a acontecimentos desse tipo somados à alguns outros traços da pessoa ( advindas de sua história de vida ) como transtorno obssesivo-compulsivo ou distúrbios de ansiedade, aumenta drasticamente a probabilidade da instauração de um quadro hipocondríaco. Podemos ainda mais o caráter multi-determinado da hipocondria com a citação de um artigo psiquiátrico :<br />
<br />
</span></span><br />
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;">" Vários autores têm destacado a alta freqüência de sintomas</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> hipocondríacos, e três mecanismos poderiam explicar</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> seu aparecimento: (a) a distorção cognitiva na avaliação da</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> saúde; (b) o maior estado de alerta nos próprios processos fisiológicos;</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> e (c) a ativação do sistema nervoso autônomo (SNA),</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> cujas manifestações seriam interpretadas pelo paciente como</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> disfuncionais. Todos esses mecanismos partiriam de um mesmo</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> ponto comum: a ansiedade. Segundo Otto et al. a sensibilidade</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> à ansiedade – medo de sintomas ansiosos, de sensações</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> somáticas, tendência a responder ansiosamente à excitação</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> ("arousal”) – seria o melhor fator preditivo de fenômenos</span></span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;"> hipocondríacos. "</span> </span><span style="font-size: small; font-style: italic;"><span style="font-family: verdana;">( Coelho, C.L.S.; Ávila, L.A. 2007 )</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: verdana;">Outro fator interessante, e que com certeza foi potencializado nos últimos anos, é a possibilidade do hipocondríaco ter sua crença reforçada com pesquisas feitas na Internet. </span> <span style="font-family: verdana;">Muitos hipocondríacos, assim que manifestam algum de seus sintomas, realizam buscas na Internet para verificar qual é a possível origem de tais manifestações. Imediatamente, ele encontra sites que associam a sua dor no peito por exemplo, a um iminente ataque cardíaco. Isso faz com que a preocupação inicial aumente ainda mais, e consequentemente, isso pode fazer com que o próprio sintoma fique mais evidente, mais intenso. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: verdana;">O quadro estabilizado de hipocondria, impede que mesmo resultados de exames cardiológicos por exemplo ( no caso de nosso paciente com dores no peito ) que não mostram nenhum problema, causem efeito positivo na pessoa. A pessoa não se convence com resultados positivos e frequentemente buscam uma segunda ou terceira opinião.</span></span></div>
</div>
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: verdana;">Em resumo, podemos constatar que são inúmeros os fatores que configuram um quadro de hipocondria, e estes podem variar em grau e intensidade.</span><br />
<span style="font-family: verdana;">Uma boa notícia é que atualmente, temos estudos que demonstram a grande eficácia da terapia cognitivo-comportamental no tratamento dessa síndrome, diminuindo as queixas dos pacientes,</span><br />
<span style="font-family: verdana;">bem como reduzindo os custos na área de saúde. <span style="font-style: italic;">( </span></span></span><span style="font-family: verdana; font-size: small; font-style: italic;">Coelho, C.L.S.; Ávila, L.A. 2007 )</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: verdana;">Como curiosidade disponibilizarei um link que mostra o "lado hipocondríaco" de um dos maiores cientistas de todos os tempos : </span><a href="http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61571" style="font-family: verdana;">Charles Darwin</a><span style="font-family: verdana;">.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="color: black; font-family: verdana; font-size: small;">---------------------------------------<br />
<br />
<br />
</span><span style="font-family: verdana; font-size: small;"><span style="font-weight: bold;">Referências Bibliográficas :</span><br />
</span><span style="font-family: verdana; font-size: small;"><span style="color: #3333ff;">Coelho, C.L.S.; Ávila, L.A. / Rev. Psiq. Clín 34 (6); 278-284, 2007 - Controvérias sobre a somatização</span></span><span style="font-family: verdana; font-size: small;"><br />
</span><span style="font-family: verdana; font-size: small;"><span style="color: #3333ff;">UOL : http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/08/02/ult7403u271.jhtm</span></span><span style="font-family: verdana; font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: 78%;"><br />
</span>Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-11056440085948376892009-07-14T11:55:00.002-03:002012-05-13T15:14:19.797-03:00Michael Jackson, evidências e preconceitos.<span style="font-family: verdana; font-size: small;">Usarei aqui um fato recente para ilustrar um assunto interessante : a importância das evidências.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Recentemente começou a circular na mídia em geral, um vídeo do corpo de Michael Jackson sendo transportado em um helicóptero, saindo do hospital onde ele supostamente teria falecido. O vídeo mostra ( por um ângulo terrível ) o corpo de Michael envolto em uma espécie de plástico ou lençol branco, e por um breve momento, esse "lençol branco" teria se curvado levemente para o lado. ( O vídeo pode ser visto aqui : http://www.youtube.com/watch?v=5-slQElyAjI - repare também nos comentários que o vídeo recebeu no Youtube )</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Na verdade, tivemos também um outro vídeo polêmico de uma suposta sombra de Michael, sendo avistada em seu rancho Neverland dias após sua morte. ( O vídeo pode ser visto aqui : http://www.youtube.com/watch?v=bL6D2wrNT6Q )</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Esse pequeno movimento do suposto corpo de Michael no helicóptero, a visão da "sombra", e outras peculiaridades na vida passada do cantor, foram suficientes para levantar uma hipótese de teoria da conspiração. Michael Jackson fingiu sua morte e continua vivo por ai !</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
A partir desse cenário polêmico, é possível retirar algumas lições importantes sobre <span style="font-style: italic; font-weight: bold;">e</span><span style="font-weight: bold;">vidências</span>.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
O "lençol branco" se mexendo no helicóptero, pode ser encarado como evidência concreta de que Michael não morre ? A resposta é não. Tal movimento do corpo pode ter ocorrido por N outros motivos, e não necessariamente se liga ao fato de Michael estar vivo. Alguém dentro do helicóptero pode ter simplesmente esbarrado no corpo, ou o próprio balanço da aeronave fez com que o corpo se curvasse. Talvez nem mesmo seja o corpo de Michael ! Não há conexão direta lógica entre este fato, e o fato de Michael ter forjado sua morte.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Ora, o que se observa não é a construção de uma hipótese sustentada por evidências reais, e sim sustentadas por uma profunda vontade de acreditar que Michael esteja vivo - ou mesmo pior - por uma profunda vontade de simplesmente brincar com a morte do cantor, e estimular a boataria! Algo que também colabora com a criação de toda essa especulação, é a própria vida regressa tumultuada do cantor, que sempre foi cercada de boatos e mitos não comprovados.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Estou usando esse fato recente como mera ilustração, mas é possível pensar em situações análogas em vários outros tipos de situações. Temos milhares de pessoas por exemplo que tem <span style="font-style: italic;">certeza</span> da existência de OVNIS e ETs, e alimentam essa certeza com as "evidências" proporcionadas por visões de luzes pairando no céu ou relatos de abduções. Porque não citar também os religiosos em geral, que apesar da total inexistência de evidências, são movidos por um profundo desejo de crer e atribuem qualquer melhoria por exemplo, em sua condição de vida ou na dos outros, à milagres divinos ?</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Um pastor cura uma pessoa que estava com dor nas costas depois de gritar e gesticular bastante no altar. Que evidências temos de que realmente o pastor foi responsável pela cura, além de uma simples conexão cronológica ( </span><span style="font-family: verdana; font-size: small; font-style: italic;">post hoc ergo propter hoc</span><span style="font-family: verdana; font-size: small;"> ) ? Há outras possibilidades como por exemplo, o bem conhecido <span style="font-style: italic;">efeito placebo</span>...</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
O mais interessante, é quando esse tipo de pessoa se depara com outro tipo de situação.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Suponha que dizemos a um crente por exemplo, que sua amada e fiél esposa de longa data, está o traindo com seu melhor amigo. Se o crente não for um desses cantores sertanejos ditos "cornos mansos", ele imediatamente se transformará no mais rigoroso cético ! Irá exigir que você prove a sua afirmação. Irá buscar evidências da suposta traição em sua casa. Uma peça de roupa do amigo esquecida, ou o contrário, peças de roupa da sua mulher na casa do amigo, e assim em diante...</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
São ilustrações portanto, da importância que devemos dar as evidências não só na ciência em geral, mas no nosso dia a dia.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Falando ainda na vida cotidiana, é importante fazer uma observação.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Nem sempre temos os meios de buscar por evidências. Confiamos na palavra de um velho e bom amigo, e muitas vezes, essa palavra se mostra verdadeira no futuro. Mas, ao contrário, podemos caminhar na rua e, ao negar esmola a um mendigo, podemos ouvir dele : "Você morrerá daqui 5 minutos seu egoísta miserável !". Dificilmente daremos importância a uma ameaça desse tipo.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Isso nos leva a dois comuns tipos de falácias lógicas :</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
O argumento de autoridade, também conhecido como <span style="font-style: italic;">argumentum ad verecundiam</span>, e o <span style="font-style: italic;">argumentum ad hominem</span>.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
No argumento <span style="font-style: italic;">ad verecundiam</span> tomamos como verdade auto-evidenciável a afirmação de alguém que possua credibilidade. É o caso do seu bom e velho amigo por exemplo, que se mostrou certo diversas vezes no passado.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Já no argumento <span style="font-style: italic;">ad hominem</span> ocorre o contrário. Se foi um "simples" mendigo sem importância que falou, COM CERTEZA ele está errado, e suas alegações não podem ser levadas em conta.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
No dia a dia, preconceitos desse tipo podem ter sua utilidade prática, mas muitas vezes podem se mostrar falsos, e daí decorre todo tipo de discussão sobre o <span style="font-weight: bold;">preconceito</span>.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
Uma auto-observação de nosso comportamento preconceituoso se faz necessária. Até que ponto o meu preconceito com relação a X é sustentado por evidências, e até que ponto ele é sustentado meramente por tradição cultural, ou argumentos de autoridade ?</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="color: black; font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><span style="color: black; font-family: verdana; font-size: small;">---------------------------------------</span><br /><span style="color: black; font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="color: black; font-family: verdana; font-size: small;">
</span><br /><span style="color: black; font-family: verdana; font-size: small;">
<span style="font-weight: bold;">Referências Bibliográficas :</span></span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><span style="color: #000099; font-family: verdana; font-size: small;">Vídeos retirados do Youtube.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><span style="color: #000099; font-family: verdana; font-size: small;">Dawkins, Richard. O capelão do Diabo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.</span><br /><span style="font-family: verdana; font-size: small;">
</span><span style="color: #000099; font-family: verdana; font-size: small;">Russell, Bertand. Porque não sou cristão. Editora L&PM Ed.1</span><br style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;" /><span style="font-size: small;">
<br />
</span><span style="font-family: verdana; font-size: small;"><span style="color: black;"><span style="font-weight: bold;"><br />
</span></span></span><span style="font-size: 85%;"><span style="font-size: 78%;"><span style="font-family: verdana;"><br />
</span></span></span>Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3041251768947164858.post-2774570900159276172009-07-10T11:19:00.002-03:002010-03-09T16:41:56.206-03:00Início dos rabiscos.<span style="color: black; font-family: verdana; font-size: 85%;"> <span style="font-size: small;">Acho que a melhor forma de iniciar esse humilde blog, é explicar resumidamente qual a função deste para O autor que vos escreve.<br />
Em primeiro lugar, o comportamento de publicar estes pequenos rabiscos, é resultado de um crescente interesse pessoal em expressar e organizar pensamentos que me </span><span style="font-size: small; font-style: italic;">afetam</span><span style="font-size: small;">; seja de maneira positiva ou negativa.<br />
De maneira direta, os assuntos debatidos no blog irão refletir tudo aquilo que tem me causado admiração ( no sentido de "chamar atenção" ) no presente momento, e de maneira indireta, irá refletir também parte do que eu sou e do que </span><span style="font-size: small; font-style: italic;">acredito</span><span style="font-size: small;">.<br />
<br />
Um dos principais inspiradores da metodologia na qual se baseará esse blog, não poderia ser outro a não ser " the great late" </span> <span style="font-size: small; font-weight: bold;">Carl Sagan</span><span style="font-size: small;">. Uma espécie de héroi intelectual pra mim ( guardada as devidas proporções evidentemente ).<br />
Os assuntos abordados no decorrer dos posts, visarão promover a união do que Sagan nos apresentou em </span><span style="font-size: small; font-style: italic;">O mundo assombrado pelos demônios, </span><span style="font-size: small;">e que é para mim fundamental na modelagem do comportamento dito </span><span style="font-size: small; font-style: italic;">científico </span><span style="font-size: small;">- o misto da </span><span style="font-size: small; font-weight: bold;">admiração </span><span style="font-size: small;">e do </span><span style="font-size: small; font-weight: bold;">ceticismo</span><span style="font-size: small;">.<br />
A</span><span style="font-size: small; font-weight: bold;"> admiração </span><span style="font-size: small;">seria uma "capacidade" de ser afetado por aquilo que te cerca, seja isto um fenômeno social ou natural. O termo afetado, é empregado aqui no sentido de : algo capaz de promover um profundo interesse pelo fenômeno em questão, e consequentemente uma busca verdadeira de conhecimento sobre o mesmo.<br />
Porém, toda essa busca de conhecimento, deve ser pautada pelo mais profundo </span><span style="font-size: small; font-weight: bold;">ceticismo</span><span style="font-size: small;">. Nas palavras do próprio Sagan :<br />
</span> <span style="font-size: small; font-style: italic;">" O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida. "</span><span style="font-size: small;"><br />
<br />
É a</span> <span style="font-size: small; font-style: italic;"> dúvida</span><span style="font-size: small;"> que impulsiona o conhecimento verdadeiro. Se colocar na posição do não-saber e aceitar isso com naturalidade e humildade é fundamental, e isso vai totalmente ao contrário da fé, dos dogmas religiosos, e até mesmo de alguns dogmas "científicos" ( algo que será discutido em futuro post ). O verdadeiro conhecimento, deve ser sustentado por </span><span style="font-size: small; font-style: italic;">evidências</span><span style="font-size: small;">, e não por verdades impostas seja por autoridades, seja por deuses, ou pessoas que utilizam de argumentos da experiência pessoal.<br />
Em suma, todos os assuntos aqui abordados, serão debatidos por esse viés - admiração e ceticismo.<br />
<br />
Em segundo lugar ( e continuando a citar as razões para criação do blog ), a necessidade de tornar público esses pensamentos, foi o meio que encontrei para atingir os meus maiores objetivos, que são : melhorar a minha escrita de forma geral, minha forma de organizar os pensamentos, e mais importante, aprimorar os pensamentos propriamente ditos, através de críticas e até ( quem sabe ) elogios de ilustres leitores ( quem sabe² ).<br />
As críticas são peças fundamentais para que o processo de modelagem ocorra com sucesso.</span> <span style="font-size: small;"><br />
A modelagem de um "comportamento científico", e de um "comportamento de escritor" se inicia agora !<br />
<br />
Enfim, em breve começarei a postar...<br />
Por hora, fica a recomendação do livro que citei acima : O mundo assombrado pelos demônios de Carl Sagan - http://www.submarino.com.br/produto/1/45205?franq=143499&franq=143499<br />
</span> </span><br />
<span style="color: black; font-family: verdana; font-size: small;">---------------------------------------</span><br />
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<span style="color: black; font-family: verdana; font-size: small;"><span style="font-weight: bold;">Referências Bibliográficas :</span><br />
</span><span style="color: #004080; font-family: Verdana; font-size: small;">Sagan, Carl. O mundo assombrado pelos demônios : A ciência como uma vela no escuro. São Paulo: Companhia das Letras , 2002.</span>Ramon Cardinalihttp://www.blogger.com/profile/03011031113053672828noreply@blogger.com2